Cássia Eller, ‘Eles’ e a gana de faturar com o ‘pink money’ e com a saudade da artista, que festejaria hoje 62 anos

Nascida em 10 de dezembro de 1962 e morta em 29 de dezembro de 2021, Cássia Eller faria hoje 62 anos de vida Divulgação ♫ OPINIÃO ♩ Hoje Cássia Eller (...

Nascida em 10 de dezembro de 1962 e morta em 29 de dezembro de 2021, Cássia Eller faria hoje 62 anos de vida Divulgação ♫ OPINIÃO ♩ Hoje Cássia Eller (10 de dezembro de 1962 – 29 de dezembro de 2001) poderia estar festejando 62 anos se não tivesse saído de cena tão abrupta e precocemente, há 23 anos, aos breves 39 anos. Para lembrar o aniversário da cantora carioca, estrela arisca e original da década de 1990, sai hoje um single, Eles, com reciclagem da gravação dessa música de atmosfera roqueira composta por Cássia em parceria com Luiz Pinheiro e com o baixista Tavinho Fialho (1960 – 1993), pai do único filho da artista, Francisco Ribeiro Eller, o Chico Chico. Eles é música apresentada no segundo álbum da artista, O marginal (1992), o disco que mais bem traduz o espírito libertário e underground de Cássia Eller. Aliás, a letra de Eles – escrita por Cássia, compositora eventual – hasteia a bandeira da liberdade sexual, irmanando heteros e homossexuais no direito de gozar. “Eles só querem é amar / E que os deixem em paz”, brandou Cássia, lésbica assumida. Collab produzida e arranjada por Rodrigo Garcia, a atual versão de Eles junta a voz de Cássia com as de Chico Chico, Juliana Linhares e Zélia Duncan em gravação conduzida pela levada do baixo de Tavinho Fialho. Feita juntamente com o lançamento de clipe que exibe imagens da cantora em estúdio e de show de Cássia no Circo Voador (RJ), com Tavinho Fialho na banda, a edição do single Eles mescla desejos de celebrar a liberdade e a voz de Cássia ao mesmo tempo em que também quer faturar com a saudade da artista e com o pink money, já que o fonograma deverá atrair sobretudo ouvintes da comunidade LGBTQIA+ pela ideologia dos versos da música. É incrível como a gravadora Universal Music se mostra incansável na exumação da obra de Cássia Eller para gerar produtos inéditos (ou quase) no mercado. Desde dezembro de 2002 é assim. Justiça seja feita: desse mergulho no baú com gana mercantilista, saíram ao menos álbuns relevantes, como Todo veneno vivo (2019) – registro integral do show de 1998, baseado no álbum Veneno antimonotonia (1997) – e sobretudo Cássia Eller & Victor Biglione in blues (2022), disco gravado em 1992 que permaneceu inédito por 30 anos. O single Eles está longe de ter real relevância. Mas ao menos a força da grana não chegou a destruir coisa bela... Capa do single ‘Eles’, de Cássia Eller com Chico Chico, Juliana Linhares e Zélia Duncan Divulgação